Capítulo 5
_Como é? – ela começou a rir achando que ele estava
brincando.
_Você não falou sério. – ficou ainda mais nervoso,
ambos se encararam até que Anelyse parou de rir – Vim te pedir desculpas e não
me declarar.
Lucca se levantou, estava com vergonha e pronto para
sair dali o mais rápido que pudesse, mas ela o deteve parando na frente dele.
_O que você acabou de prometer para mim?
Demorou um pouco a recordar, mas logo sorriu para ela
um pouco pensativo.
_Você é mais madura do que eu imaginava. – elogiou – Prometi
não ir embora sem conversar.
_Exatamente.
_Mas eu pensei em rapazes agarrando você e eu
enlouquecido de ciúmes quando prometi. – acrescentou.
_Sente ciúmes de mim? – cada músculo de seu corpo
pulsava e formigava em algum ponto, tamanho nervosismo. Não sabia onde
encontrava forças para se manter em pé diante dele. A falta de ar começava a
dar sinais de vida.
_Talvez. – Lucca era como Anelyse, evitava ao máximo
mentir, pois abominava pessoas que mentiam para ele.
_Sim ou não? – sentia o nervosismo aumentando
gradativamente.
Já estavam próximos, mas ele encurtou o espaço com um
passo curto, Anne ergueu a cabeça para enxergar os olhos amendoados dele.
Sentiu os dedos do rapaz roçarem sua pele lentamente, deixando um rastro quente
por onde passava até chegar em seu cotovelo. Lucca segurou em um dos braços a
fazendo eliminar o vão que ainda os separava, ela espalmou a mão em seu peito
receando cair e ele a envolveu com a mão livre, segurando na curva do quadril.
_Você é só uma menina... – sussurrou, mas parecia não
estar reclamando ou dizendo diretamente a ela.
Ficaram em silêncio sentindo a proximidade, os
corações batendo forte quase no mesmo ritmo. Anne sentiu a respiração dele em
seu rosto sem notar que fechara os olhos, em seguida os lábios pressionaram os
seus, úmidos, quentes e receosos. A garota arfou com a surpresa do toque e ele
ameaçou se afastar, mas foi retido por ela que esmagou o tecido da camisa na
palma de sua mão. Se encararam sem dizer nada, próximos, sentindo o sabor um do
outro mesmo sem o toque dos lábios.
Soltou a camisa dele pensando nos beijos que lia em
seus livros e tentando controlar a respiração que saia agitada. Nada se
comparava ao que estava sentindo, nenhum dos livros que leu a prepararam para a
situação. Lentamente dedilhou o peito dele chegando com os dedos na nuca, ele
era muito mais alto por isso ficou na ponta dos pés, Lucca esperava uma
aprovação e quando sentiu o aperto dos dedos em sua nuca o pressionando para
baixo ele a puxou contra o corpo, juntando os lábios com menos receio que da
primeira vez.
Anelyse sentia que o coração saltando e temeu
desmaiar por causa do avançar dos sentidos. Nenhum pensamento lhe sobrevinha só
mantinha concentração nos lábios aveludados contra os seus, ele os movia com
cautela como se conhecendo os dela, não usava a língua e ela sabia que deveriam
usar, mesmo não tendo experiência com beijos. Não se importou, estava no céu.
O moreno soltou a cintura dela levando as mãos em seu
rosto, abaixou o tronco ficando na altura dela, permitindo que colocasse os pés
inteiros no chão. Abriu os lábios capturando o superior dela e o puxou, Anne
prendeu os dedos nos cabelos dele sem saber como reagir ou retribuir aquele
gesto, ele sorriu e fez o mesmo com o inferior, então ouviu um sussurro que não
parecia vir dele, mas de si mesma por causa dos lábios colados.
_É uma menina com lábios de mel. – ela sorriu
sentindo os olhos carregados por lágrimas, algumas deslizaram por seu rosto sem
que percebesse.
Estava em transe mau se importando com o avançar das
horas ou o local, sem medo desta vez pressionou novamente os lábios contra os
dela e usando a ponta da língua a fez dar passagem ao beijo completo. Anelyse
estremeceu ao sentir o toque áspero, ele apenas a ensinava como permitir o
contato, explorando lentamente cada canto de sua boca, sentindo o gosto agora
salgado daquela boca carnuda. Anne buscou o ar e um soluço lhe escapou, tinha
tendência a rir e chorar quando estava muito nervosa e ele sabia, conhecia
quase tudo dela, descobrindo através de outras pessoas ou apenas observando,
por isso não se assustou e não parou.
O beijo durou alguns minutos até que ela se
entregasse totalmente, perdendo o nervosismo e fazendo a sensação de falta de
ar sumir, quando o beijou sem receio foi a vez de Lucca se sentir pequeno, um
menino nas mãos de uma mulher que possuía seu coração. Moveram os lábios em
sincronia, permitindo-se saborear cada sensação desde as borboletas no estomago
até o tremor dos corpos. Antes de finalizar o beijo ele o aprofundou, abrindo
mais os lábios para permitir sentir ambos colados e se afundando como se
quisessem sentir ainda mais. As línguas se encontraram carinhosamente, serpenteando
uma contra a outra, explorando-se mutuamente, espalhando a mistura do sabor de
ambos em cada boca. O beijo foi diminuindo e finalizado com um selinho
demorado, pois nem um nem outro queria se separar.
Ele a abraçou sentindo todo o calor que emanava dela,
ela por sua vez manteve os braços encolhidos no peito dele, uma das mãos
roçando carinhosamente a nuca. Sentia-se acolhida pela primeira vez por braços
que não eram do seu pai ou de Giovanni. Ficaram em silêncio, Lucca deslizando
os dedos pelos cabelos dela e ela acariciando sua nuca.
_Isso quer dizer que você tem ciúmes de mim? – cortou
o silêncio e ambos começaram a rir.
_Quer dizer que sou apaixonado por você.
Abaixou o rosto roubando um beijo dela, que sorria
encabulada mas parecia feliz.
_Eu também sou apaixonada por você. – Anne atropelou
as palavras nervosamente, mas ele sorriu.
_Isso quer dizer que vai aceitar ir à minha festa?
A pergunta fez Anelyse dar um passo para trás e o
encarar. Ele franziu o cenho sem entender a reação dela.
_A Lidia... eu não devia ter feito isso! – levou a
mão aos lábios e percebendo que ela choraria, Lucca correu na direção dela,
segurando seu rosto novamente entre as mãos.
_Terminamos o namoro Anne, ela sabe que gosto de
outra, na verdade sempre soube mas eu nunca admiti. – ele limpou o rosto dela –
Podemos manter isso entre nós por enquanto, mas não quero passar mais um ano
mentindo pra mim mesmo que não sinto nada por você.
_Vocês terminaram mesmo? Mas ela estava com seu
celular hoje.
_Não está não. – ele retirou o celular do bolso e
depois fez uma careta – Redirecionei as chamadas para a minha casa. Espera,
você me ligou hoje?
Ela fez que sim.
_Para falar que você podia me buscar.
O sorriso que ele lhe deu a fez sorrir também, mas
ainda se sentia uma amiga ruim por beijar o ex de uma amiga, por mais que se sentisse
arrebatada de tanta felicidade.
_To subindo! – avisou Giovanni fazendo com que o
casal se separasse, mantendo uma distância segura. Anelyse olhou apreensiva
para a entrada da laje. O rapaz os encarou divertido, pois ambos apresentavam
feições assustadas de quem havia feito algo errado – Beijou minha irmã, foi? –
acusou apontando para Lucca.
_Cara... é que... – começou a gaguejar, mais ainda
quando viu que Giovanni ficou sério – Olha, eu prometo que não vou magoar sua
irmã.
_Ele te beijou, tampinha?
_Não vai brigar com ele!
_Ahhhh minha irmã não é mais BV! – o rapaz começou a
gritar fazendo Anelyse desejar sumir da face da terra, seu rosto estava tão
vermelho que parecia que todo o sangue do corpo subiu para a cabeça.
_Cala a boca!!
_Foi seu primeiro beijo? – sussurrou Lucca olhando
para ela, havia um brilho diferente no olhar dele, algo que ela não soube
definir, mas que a fez se sentir especial. Ela apenas sorriu timidamente e
confirmou com a cabeça.
_Minha irmão não é mais BV! – Giovanni continuou
gritando como se quisesse que toda a vizinhança ouvisse, depois ele ficou mais
sério e se aproximou deles – É bom mesmo que não a magoe.
_Não vou. – havia certeza no tom dele o que encantou
Anelyse que continuava apreensiva e sentindo o rosto fervendo.
_Espero. Quero ver é você enfrentar meu pai. – riu
mais ainda quando Lucca arregalou os olhos assustado – Mas não hoje. Vim avisar
que me ligaram perguntando onde estamos, não conseguem falar com você no celular.
_Esqueci da festa! – ele olhou para Anelyse – Você
vai?
_Vou. Só preciso me trocar.
Ele segurou a mão dela e beijou carinhosamente, Anne
olhou para o irmão sentindo o rosto vermelho novamente e ameaçou sair, mas
Lucca a deteve por mais alguns segundos.
_Anne, vamos combinar uma hora para conversarmos? –
ele começou sério, fazendo Anelyse ficar apreensiva – É cedo para que eu
apareça namorando alguém e também não quero ninguém te acusando de nada, por
isso por enquanto vamos manter segredo da gente, tudo bem?
_Tudo bem. – respondeu e se desvencilhou dele, indo
para o quarto se trocar.
Quando saiu, Lucca e Giovanni foram para a sala
esperar por ela, aproveitando para conversarem.
_Você gosta mesmo da minha irmã?
Se sentaram no sofá enquanto esperavam por ela. Lucca
se virou para Giovanni e o sorriso que estampou o tranqüilizou de imediato,
acreditou nele antes mesmo de ouvir a resposta.
_Gosto. Acho que amo. Nunca me senti assim com
ninguém e você sabe que não sou santo. Ouso dizer que com ela eu seria fiel. –
sussurrou a última frase como uma confidência.
_Espero que seja ou eu mesmo conto a ela.
_Já sou. – encontrou o olhar de Giovanni e sorriu –
Não fico com a Lidia direito tem algumas semanas, desde que sua irmã caiu lá na
escola de Artes, lembra disso?
Ambos voltaram algumas semanas no tempo, aquele tinha
sido um dia humilhante para Anelyse que quase nunca usava salto alto, mas para
impressionar Lucca havia comparecido a aula de canto de vestido, meia calça
preta fio quarenta e salto não muito alto, também preto. Lucca lembrou como ela
estava linda e como o vestido a fez parecer mais adulta e magra, mostrando
certas curvas que não eram possíveis enxergar com as roupas que ela costumava
usar. Os sonhos que tinha de madrugada se intensificaram depois desse dia.
Anelyse foi chamada por Ricardo na sala da diretoria,
precisavam acertar os valores das aulas extras de vocal que ela pedira a ele,
mas no caminho tropeçou e caiu de joelhos no chão no corredor que da para a
saída. A maioria dos alunos estava na porta e começou a rir e tirar sarro dela.
O vestido se ergueu mostrando as coxas grossas e bem torneadas, que mesmo
escondidas pela meia calça deixaram Lucca olhando com desejo.
Teve o ímpeto de ajudá-la a se levantar, mas na hora
não encontrou coragem. Se arrependeu amargamente por rir dela junto com os
outros. Foi nesse dia que começou a sentir nojo de Lidia que agrediu a amiga
verbalmente a chamando de gorda estabanada e outros a seguiram apontando para
Anne e falando mais frases enquanto todos riam.
Lucca continuou falando enquanto relembrava do
ocorrido com remorso.
_O jeito que sua irmã me olhou naquele dia, me fez
arrepender de todos os meus pecados. – Giovanni riu – Ela ficou muito chateada.
Não consegui mais tirar isso da minha cabeça e se eu já pensava nela, imagina
pensar mais ainda? Acho que a Lidia percebeu porque quando conversei com ela
sobre terminar, ela já sabia que havia outra pessoa, só não sabe quem.
_É... a Anne tem esse poder no olhar, de fazer a
gente se dar conta que fez algo errado. – ouviram que ela descia as escadas,
Lucca sorriu com o som, ela usava salto alto.
Ambos se levantaram e olharam na direção da escadaria,
a garota enchia um vestido rubi de manga princesa e decote quadrado. Ele
afinava bastante a cintura dela e abaixo abria com babados como se fossem três
saias, uma sobrepondo a outra. Estava com meia calça novamente, mas da cor da
pele e o mesmo salto alto que usou quando caiu. Maquiou-se e deixou os cabelos
soltos como Lucca gostava. Ele saiu de perto do sofá e foi recebê-la na ponta
da escada, segurando uma das mãos para que ela descesse.
_Você está perfeita. – sussurrou roubando um selinho
dela enquanto estava ainda no ultimo degrau.
_Obrigada. – ela encarou Giovanni envergonhada.
_Sem beijos na minha frente, que nojo.
Eles saíram da casa entre risos, Lucca fez questão de
abrir a porta para que ela entrasse e se sentasse ao lado dele no banco do
passageiro, Giovanni sentou atrás resmungando e rindo ao mesmo tempo.
_Perdi meus privilégios.
_Por que você está sendo legal? – ela perguntou
depois de agradecer Lucca e vestir o cinto de segurança.
_É para mim essa pergunta? – questionou Lucca ao se
sentar no banco do motorista. Ligou o carro e partiram.
_Não, para o Giovanni, mas acho que você poderia
respondê-la também.
Anelyse o olhou curiosa.
Lucca notou como ela parecia em êxtase e usava um
perfume cítrico que dava friozinhos na boca de seu estomago. Sorriu e lhe fez
uma leve caricia no rosto enquanto ouviam Giovanni.
_Vai ser difícil me acostumar com isso. – revelou
antes de responder a ela, Lucca sorriu para o amigo prestando atenção à direção
– Você sabe convencer alguém quando quer Anne. Jogou baixo, mas você estava
certa, por isso estou sendo legal.
_Do que você está falando?
_Da Letícia. Eu invejo você, Lucca... porque até ela
completar uns quinze anos, não vou ter coragem de beijá-la. – Anelyse não
precisava olhar para trás para saber que o irmão estava recostado no banco e
provavelmente de olhos fechados. E ele estava.
Lucca suspirou e olhou de soslaio para Anelyse, o
sorriso que lhe lançou fez a boca do estomago dela se contrair de nervoso, ele
lhe devolvia um olhar cúmplice,carregado de ternura, mas havia algo mais ali
que ela não identificou naquele momento. Lhe sorriu também, queria tocar nele,
mas estava com as mãos apertando com firmeza uma bolsinha de mão que levava
consigo para a festa, nela estava o celular e a bombinha, itens indispensáveis.
_Vocês estão muito quietos. – resmungou Giovanni um
tempo depois.
_Ia responder mas esqueci. – riu Lucca – Na hora
certa você vai se aproximar da Letícia, as vezes esperar é bom.
_A insegurança que não ajuda. – argumentou o irmão de
Anelyse.
Chegaram à porta da casa de Lucca em poucos minutos,
a quantidade de carros que havia ali deixou Anne apreensiva, ele havia
respondido algo a Giovanni mas ela não ouviu, apenas cortou a conversa se virando
para ele.
_Como vou agir com essas pessoas? Até ontem eu nem
chegava perto delas...
_Eu sou o menos inseguro aqui. – brincou Giovanni,
apareceu com a cabeça entre os bancos e a encarou – Seja você.
Os olhos dela marejaram, estava feliz de Lucca ter se
lembrado do convite e de querer ela ali, mas ao se ver diante da casa as
lembranças de todas as vezes que a humilharam voltaram ferozmente em seus
pensamentos. Ela mordeu o lábio insegura.
_Não solte a minha mão. – começou Lucca, então ele
abriu a porta do carro, a fechou e tudo parecia em câmera lenta até que ele se
postou do outro lado, abrindo a porta e estendendo a mão para Anelyse, Giovanni
resmungou algo meloso antes de sair do carro, mas nenhum dos dois deu
importância, estavam com os olhos conectados naquele momento. Ela segurou a mão
dele e saiu e ele continuou a falar – Vou ficar do seu lado o tempo todo,
independente do que façam ou falem, então, não solte a minha mão.
Lembrou imediatamente do livro que lia mais cedo
antes dele aparecer na laje, um sorriso infantil se formou em seus lábios e ela
apertou a mão dele sem receio ou medo de ser rejeitada, ele não a deixaria
vacilar. Na história o rapaz dizia o mesmo para uma menininha assustada, que
encarava pela primeira vez na vida a sua nova família adotiva. Ele a amparou em
todo o tempo e isso a impulsionou em acreditar em Lucca naquele momento.
_Obrigada. – sussurrou e recebeu um selinho.
Ouviram um murmúrio e logo as vozes se tornaram mais
fortes a medida que as pessoas se espantavam com a cena. Muitos dos amigos de
Lucca estavam à frente da casa, com bebidas nas mãos, dançando ou conversando
animadamente, mas assim que o viram segurar a mão de Anelyse e em seguida
beijá-la, tudo parou, a sensação era de que até o CD que tocava dentro da sala
ficou mudo.
_O que é isso? – alguém disse espantado.
Todos os olhos estavam sobre ela, a esmagando pouco a
pouco com seus rostos incrédulos e ar de deboche, Anne queria sumir, não
percebeu que estava recuando até sentir a mão de Lucca ainda mais firme na dela
e seu olhar duro a encarando. Se aprumou erguendo o queixo.
Seja firme, seja firme! E não caia, por
favor! – pensou consigo mesma.
Entraram na casa e o buchicho já havia se espalhado.
Mal pisaram na sala e Lidia entrou correndo levando a mão a boca quando os viu.
_Então é verdade! – gritou avançando na direção deles
– Que cena patética e que bela amiga eu tenho! – Anelyse sabia que as palavras
eram para ela, tentou falar, mas foi impedida por um tapa certeiro em sua face
– Nunca mais fale comigo, duas caras! –
o rosto da menina ardia e seus olhos estavam marejados, mas achou melhor ficar
quieta, só não esperava a reação de Lucca.
Ele se colocou na frente dela a empurrando para trás
de seu corpo protetoramente, segurou os braços de Lidia e começou a levá-la com
ira para fora da casa, enquanto vociferava.
_Você nunca mais pisa na minha casa. Eu tentei, eu
juro que tentei, mas você é perversa, má, nunca foi amiga de verdade da Anelyse
e não tem direito algum de se sentir traída por ela. – antes de sair ele a fez
encará-lo e Anne viu o choque no rosto de Lidia, por pouco ela não estava
chorando – Nunca trai você com ela. Eu a respeito demais para isso. – alguns
risinhos foram ouvidos e para desespero de Anne ele acrescentou – E estou
falando dela, não de você.
A deixou na porta, do lado de fora e a fechou. Quando
entrou seu rosto ainda estava tomado de raiva, Giovanni apareceu ao seu lado e
apertou o ombro dele tentando acalmá-lo, Anelyse foi sentada numa poltrona por
alguém, nem percebera quem a ajudou, estava surpresa por ter sido defendida na
frente de todas aquelas pessoas, por ele admitir que traiu a Lidia e ainda
dizer que respeitava demais Anelyse para fazer o mesmo com ela. Respirava quase
sem ar, não sabia como se mover para achar a bombinha, seu rosto provavelmente
estava marcado pelo tapa e pela maquiagem que escorria com as lágrimas.
_Alguém mais vai tirar sarro dela e agir como um
idiota com pessoas diferentes aqui dentro da minha casa? Porque antes que faça
é melhor sair. – disse com os dentes trincados, algumas pessoas resmungaram e
outras saíram sem dizer nada.
_Depois que cansar do brinquedinho novo ele volta
correndo para nós, gracinha. – uma loira de olhos extremamente verdes e corpo
escultural rosnou somente para Anelyse.
O movimento da loira fez Lucca perceber o quanto Anelyse
estava mau, correu se ajoelhando à frente da menina, perdendo a pose dura de
antes. Achou a bolsinha que estava caída no chão, retirou a bombinha e colocou
na mão da garota, e como Anne não fez nada ele levou a mão dela até perto de
seu rosto, tirando a tampa do aparelho para ela usar.
_Anne, puxa o ar, respira... – o tom era de pânico e
ao mesmo tempo sussurrado.
Ela pareceu enxergá-lo, estava com a mente em Lidia e
nas palavras patética e brinquedinho que não parava de ouvir. Entreabriu os
lábios e apertou a bombinha sentindo o jato de remédio adentrar sua boca, ela
puxou o ar prendendo-o nos pulmões por cinco segundos e soltou lentamente,
ouvindo o chiado da asma se esvair devagar até a respiração ficar controlada.
Lucca passou os dedos limpando as lágrimas dela enquanto esperava que se
recompusesse.
Aline se aproximou deles, sussurrou algo no ouvido do
rapaz que se afastou, parecia apavorado. A garota tocou o pulso de Anelyse e
como a respiração estava normalizando, percebeu melhor o que estava havendo. A noiva
do primo de Lucca era enfermeira, estava medindo sua pressão. Envergonhada ela
passou a outra mão nos olhos e abaixou a cabeça sem querer encarar ninguém.
_Está se sentindo bem? – perguntou, seu tom era
neutro, quase frio.
_Estou, obrigada.
_Quantos anos tem?
_Dezesseis. – Aline virou o rosto e encarou Lucca
duramente, Anelyse conhecia aquele olhar e fazia idéia do que ela estava
pensando, provavelmente tinha a mesma lógica que seu pai, que ela era uma
criança, respirou fundo tentando manter a conversa – E você?
_Vinte e poucos, não vale a pena enumerar os poucos.
– sorriu dando de ombros. Anne sorriu também. Se levantou e se virou para o
rapaz novamente – Ela está bem, só ficou agitada. Também pudera é só uma
menina. – fez questão de enfatizar o menina.
Anelyse queria um buraco para se enfiar nele.
Giovanni se aproximou de Aline, a abraçou por trás
apoiando o queixo em seu ombro.
_Ela é minha irmã. – avisou, seu tom parecia normal,
mas seu rosto estava tenso, Anelyse não estava entendendo porque de repente eles
a defendiam e a notavam, o irmão sempre pareceu querer esconder que a conhecia
e de repente tudo estava diferente. Ela suspirou quando os olhos se encontraram
com os da garota.
_Prazer, Aline. – estendeu a mão e apertou a de Anne.
_Eu sei. – retribuiu o aperto, se sentia melhor, mas
não menos constrangida – Sou Anelyse.
_Você é a Anelyse? – tirou a mão da dela e encarou
Lucca.
_É ela sim.
_O que tem ela? – perguntou Giovanni.
_Só ouvia falar, mas não imaginava que fosse ela. –
sussurrou para ele.
O tempo pareceu não ter fim, mas de repente a festa
tinha normalizado e o barulho das conversas e a música deixaram o ambiente mais
leve. Lucca, Giovanni e Aline conversaram algo antes dele se aproximar da
menina e se ajoelhar ao lado da poltrona.
_Está bem? Quer que te leve para casa?
_Não, eu estou bem. Desculpa pelo tumulto... espero
não ter estragado sua festa.
_Você não fez nada. – passou os dedos na bochecha
dela que imediatamente ficou rosada, fazendo-o sorrir, ele tinha um olhar doce,
parecia um menino quando a olhava assim.
Apenas assentiu olhando para ele, não costumava
reclamar, preferia guardar certos argumentos para si mesma. Ele a beijou no
rosto e se levantou puxando-a pela mão.
_Aonde vamos? – perguntou baixo quando ele começou a
levá-la para o interior da casa. Passaram por um estreito corredor, a parede
branca e o piso frio pareciam solitários sem alguma decoração, chegaram a ponta
de uma escada e ele indicou que subisse, tremula deu o primeiro passo no
degrau.
_Vamos cortar o bolo. – uma voz aguda cortou o clima
tenso. Anelyse olhou para trás e viu Letícia toda sorridente a encarando – Oi.
_Oi, tudo bem? – Anne desceu o degrau e a abraçou.
_Ótima e você? – era a primeira vez que conversava
com a garota, o sorriso dela e o brilho castanho de seu olhar a fizeram
entender imediatamente porque o irmão era louco pela menina, além de linda era
carismática e inocente nos modos.
_Estou ótima também.
_Seu irmão veio? – direta e certeira o que causou um
riso divertido em Anelyse.
_Está na sala com a sua quase prima.
Ela fez uma careta.
_Ah... não sei como o Ricardo não reclama. Vamos lá
cortar o bolo.
Lucca e Anne trocaram um olhar significativo e
seguiram a menina até a cozinha, assim que ficaram lado a lado ele entrelaçou
os dedos aos dela e sorriu satisfeito com aquilo.
_Acho que é recíproco. – Anelyse sussurrou perto do
ouvido dele.
O rapaz sorriu mas tinha algo em seu olhar que fez o
estomago dela gelar e seu ventre se contrair. Era desejo. E era a primeira vez
que alguém a olhava assim. Constrangida abaixou o rosto tentando entender o que
fez para causar aquela reação nele.
_Com certeza é. – tocou o queixo dela fazendo
encará-lo e em seguida sorriu.
_Não me olha assim não. – pediu baixinho, encabulada.
_Assim como? – ele riu, entraram na cozinha e foi
preciso que desviassem a atenção para as pessoas em volta da mesa.
Começaram a cantar Parabéns à você e ele deixou Anelyse para ficar em frente ao bolo
do outro lado da mesa. As luzes foram apagadas e duas velas acesas, os numero
vinte e zero brilharam na escuridão. Ela e os amigos dele acompanharam a canção
com risos e palmas, mesmo depois de tantos terem deixado a residência, havia
ainda muita gente, algumas esmagadas entre as portas, se esticando para
enxergar dentro da cozinha que possuía duas entradas diferentes.
Ao fim da musica ele assoprou as velas e procurou o
olhar de Anne, sorriu e as luzes foram acesas.
_Parabéns! – alguns falaram ao mesmo tempo.
A cozinha era imensa, ela não se lembrava de um lugar
tão grande a não ser em cenários de novela. As pessoas pareciam a vontade ali e
ela ficou feliz por ter se vestido adequadamente, ficaria ainda mais deslocada
se fosse de jeans. O bolo foi distribuído entre os convidados, era de creme com
uma pasta de chocolate como recheio e cobertura de glacê, enquanto comia uma
das convidadas se aproximou dela.
_Está melhor?
_Humrum, obrigada. – escondeu a boca para responder,
pois estava mastigando.
_Parecia que você ia cair a qualquer momento, não
sabia que tem bronquite. Você canta tão bem para alguém com problema
respiratório...
Anne apertou os olhos tentando reconhecê-la, conhecia
quase todas as pessoas presentes, mas não se lembrava dela. Possuía bochechas
salientes, era magra, um sorriso fino e gentil. Seus olhos quase pretos
pareciam dois buracos negros curiosos olhando para ela.
_Tenho asma... mas como você sabe que eu canto?
_Faço aula de vocalize com você duas vezes por mês.
Fui obrigada pelo Ricardo. – riu – Me chamo Ana Lúcia.
_Muito prazer. – sorriram – Desculpe, mas não me
lembro de você.
_Sou quieta. – explicou – Mas sua voz é divina, devia
ser menos tímida.
_Obrigada. – seu rosto ficou vermelho novamente e
ambas riram – Isso me faz lembrar que amanhã vou me apresentar e não consegui
ensaiar nenhuma vez.
_Vai cantar o que?
_Oceano do Djavan.
_Corajosa.
_A escolha não foi minha, foi do Ricardo. – apontou
para ele que estava do outro lado da cozinha, conversando com sua noiva e
Giovanni animadamente.
O tempo passou rapidamente enquanto elas falavam
sobre música, regras, pautas, partituras e dos rapazes da escola, Anelyse que
pensou que se sentiria deslocada acabou por se sentir à vontade ali, na casa
dos Dalostto. Quando percebeu a hora já avançara e a casa estava praticamente
vazia. Lucca se aproximou delas, cumprimentou Ana Lucia e se virou para
Anelyse.
_Seu irmão foi embora e me encarregou de te levar
para casa. Quando quiser ir é só me dizer.
_Que horas são? – perguntou com um sorriso tímido,
não estava acostumada a ter a atenção dele e isso ainda a surpreendia.
_Uma e vinte e cinco. – disse olhando no relógio de
pulso.
_Ai meu Deus! Meu pai vai me matar!! – gemeu –
Podemos ir agora?
Lucca pareceu mais nervoso que ela, assentiu e se
despediram de Ana Lucia que olhou com certa inveja para Anelyse enquanto esta
se afastava.
_Que horas você tinha que chegar? – perguntou ele
contrariado.
_Não sei já que não avisei que sairia. – ela riu
encabulada encontrando sua bolsinha ainda na mesma poltrona, depois saíram para
a rua.
Sentou-se no banco da frente depois que ele abriu a
porta e enquanto ele entrava no carro, vestiu o cinto de segurança.
_Eu achei que você podia voltar a qualquer horário
como seu irmão. Não pode ligar e ficar mais um pouco comigo? – já dirigia, mas
não parecia estar com pressa.
Anelyse virou de lado o encarando e sorriu, ainda
tímida, mas curiosa.
_Se eu puder, vai me levar aonde?
_Essa parte eu ainda não decidi. Toma, liga. – ele
tirou o celular do bolso da camisa entregando a ela.
Com as mãos tremulas ela ligou para casa, a linha foi
atendida no primeiro toque.
_Anelyse? –
a voz preocupada soou do outro lado, era sua mãe e ela quase agradeceu por ter
sido a mulher a atender.
_Oi mãe. Ta tudo bem?
_Onde você se
enfiou? – gritou.
_Estava na festa com o Giovanni, mãe. – ouviu a
mulher soltar o ar e se apressou – Vou demorar mais um pouco, tudo bem?
_Como vai
voltar para casa a essa hora?
_Consegui carona. – respondeu evitando o nome de
Lucca – O Giovanni também conseguiu. Deixa mãe? Só mais um pouquinho... eu
nunca saio... – fez um biquinho olhando para a própria mão.
_Depois quero
que me conte tudo. O Lucca está com você, não está?
_Está... – sussurrou temerosa.
_Sorte sua que
seu pai foi trabalhar hoje. Pode demorar, mas não passe das três.
Anelyse sorriu, só não entendeu porque o pai
trabalharia de madrugada.
_Tudo bem, obrigada mãe. Te amo. – desligou
devolvendo o aparelho para Lucca – Ela deixou.
Ele abriu um sorriso enorme e então afundou o pé no
acelerador.
_Quero te mostrar um lugar.
_Tudo bem. – disse-lhe e se virou para a janela,
olhando o borrão da cidade, casas, carros, o chumbo do asfalto passando
rapidamente diante de seus olhos.
O silêncio repentino a levou de volta ao inicio da
festa e ela suspirou ao pensar em toda aquela situação. Lucca pareceu adivinhar
seus pensamentos, colocou uma das mãos na perna dela acariciando. O toque
quente direto em sua pele fez Anelyse estremecer.
_Não se preocupe demais, a Lidia sabia que acabou a
muito tempo, só não queria aceitar e descontou tudo em você.
Virou o rosto para ele e sorriu, assentindo, depois
colocou a mão sobre a dele fazendo uma leve carícia com as unhas.
Estacionou em frente a um prédio novo, era no bairro
dele ainda, não muito longe da escola de música e estava iluminado na recepção.
Lucca saiu do carro e correu para abrir a porta antes que Anelyse saísse.
_Que lugar é esse? – perguntou baixinho.
_Meu estúdio musical. – explicou colando o corpo
atrás do dela e a puxando para si protetoramente.
_Você tem um estúdio?
_Mais ou menos. É meu e do Ricardo, estamos montando
ainda. Queremos criar uma gravadora, um selo. Ninguém sabe a não ser nós dois e
nossas famílias incluindo a Aline.
_E por que está me contando? A Lidia sabe? –
sussurrou.
Ele a beijou no pescoço e subiu a boca até sua
orelha, dando uma mordida leve na pontinha. A sensação era nova e fez as pernas
dela vacilarem. Com um sorriso divertido ele a prendeu um pouco mais no corpo,
sentindo o quadril se encaixando nas nadegas dela. Ambos ficaram tensos. Ela
por não saber se devia se afastar e ele por lembrar dos sonhos no mesmo
instante. Quem se afastou foi ele, a puxando para a entrada do prédio.
_Não contei a ela. – explicou – Queria contar a você.
_Faz tempo que começaram?
_Oi seu João, posso subir? – perguntou ao guardinha
na guarita, o homem assentiu acionando um botão que destrancou o portão –
Obrigado, não vamos demorar.
_Fica a vontade, Lucca. – o guardinha foi alegre, mas
estava com um ar sonolento.
_Valeu.
Pararam de frente a um elevador, a sala onde estavam
para aguardar era simples e nada luxuosa, o prédio parecia ainda em construção
e com poucos moradores.
_Por que o estúdio é num prédio residencial?
_Porque a grana é curta e porque vou morar aqui
também. – explicou – E respondendo a sua pergunta anterior, começamos a mais ou
menos um ano.
_Um ano? – arregalou os olhos – E porque não contou a
Lidia? Achei que vocês eram super namorados.
Ele pareceu tímido, desviou o olhar entrando no
elevador com ela, apertou o último botão e ela já sabia que era a cobertura.
Ficou pensando quanto dinheiro ele tinha para morar numa cobertura e ainda ter
um estúdio particular em sua própria casa. Começou a se sentir nervosa por ser
tão humilde, não saberia como agir perto dele. Ele cortou os pensamentos dela
ao falar.
_Não é com ela que eu queria compartilhar as minhas
coisas. – sussurrou.
Rápido demais o elevador se abriu para uma recepção
curta, eles saíram de um cubículo para o outro. Segundos depois o elevador se
fechou. Lucca retirou um molho de chaves do bolso da calça e abriu uma porta de
madeira escura. Acendeu as luzes passando o braço por cima do ombro de Anelyse
e fez um sinal para que ela entrasse.
_Com licença. – sussurrou entrando no local.
Ficou boquiaberta com o tamanho da sala, dava três
vezes a sala de sua casa que já achava um exagero de grande. Havia um quadrado
com um tapete escuro no chão sob o piso de madeira, um sofá branco e uma
estante preta à frente, com apenas uma TV comum e alguns porta retratos. O
restante do ambiente estava desprovido de qualquer decoração ou móveis.
_Gostou? Ainda estou decorando.
Havia trancado a porta e agora estava novamente
abraçado a ela, com delicadeza a puxou para si a fazendo sentir novamente
aquele contato mais intimo. O coração saltou com força no peito e ela não ousou
se virar para ele. Podia ser uma garotinha em questão de experiência, mas sabia
distinguir desejo quando o sentia e pelo contato era fácil saber que ele também
a desejava. Quando falou sua voz saiu com um tom levemente rouco.
_Está ficando lindo.
A beijou no pescoço e os lábios novamente capturaram
o lóbulo da orelha dela, Anelyse restringiu o corpo, encolhendo o ombro em
resposta. Ele a prendeu com mais força passeando com os lábios no colo até
chegar ao pano do vestido.
_Você é tão linda, Anne. – sussurrou usando os dedos
para afastar o tecido e mordiscar o ombro nu.
Ela sentia o desejo se formando em seu ventre e
quanto mais ele a apartava, mais desejava se juntar a ele, mas era responsável
demais para se deixar levar e não queria ser mais uma na vida dele, por isso se
afastou bruscamente e o encarou.
_O que você quer comigo? Já vai sabendo que não sou
uma menininha. Sei bem o que quero da minha vida para me deixar levar por um
sentimento bobo...
_Sentimento bobo?
Ela ergueu o queixo o enfrentando. Na verdade só
queria dizer que não queria ser mais uma, mas a frase não se formava
coerentemente. Não percebeu como aquela frase o afetou, Lucca trincou o maxilar
confuso, pois tinha quase certeza do amor dela, afinal ela também admitiu estar
apaixonada e agora dava o sentimento por bobo.
_É. Sentimento bobo. – confirmou – Não vou me deixar
levar.
Pensou no que sentira pressionado em seu corpo e se
sentiu corar, evitando olhar na direção das calças dele. Mordeu bem o lábio
para continuar encarando aqueles olhos que pareciam querer despir sua alma,
ardiam intensamente.
_Não vou te levar para a cama, Anelyse. – falou
depois de um tempo pensando – Não quero dormir com você.
Ela fez uma careta e abaixou os olhos temendo ver
repulsa no rosto dele de repente se lembrando de como era gorda e atrapalhada.
Lucca se aproximou e a beijou no topo da cabeça, iria dizer algo, mas novamente
ela se afastou.
_Por que me trouxe aqui? – perguntou baixinho o
encarando.
Lucca apenas a olhou novamente contrariado, respirou
lentamente para responder com a voz o mais natural possível.
_Queria te mostrar minha casa ou futura casa. Mostrar
o estúdio e quem sabe ouvir você cantando.
Ela riu nervosa e ele se aproximou de novo, mas ela
recuou. Se não a queria em sua cama era obvio que não a queria como namorada e
ela não era do tipo que ficava com alguém por ficar, não se arrependia do beijo
trocado, pois nunca em sua vida imaginou que seu primeiro beijo seria tão
especial, mas não queria se sentir descartada quando ele a deixasse em casa.
Era preferível já se acostumar com a amizade apenas.
_Então me mostra.
O rosto dele estava branco, contrariado, mas ela não
havia percebido o que fez para deixá-lo assim. Lucca não lidava muito bem com a
rejeição e ela havia se afastado algumas vezes. Começou a imaginar o quanto
Lidia havia influenciado as reações de Anelyse e temeu não ter mais chances de
ficar com a menina. Queria beijá-la a força, mas se agüentou. Deu-lhe as costas
bruscamente seguindo por um corredor estreito.
_Por aqui, Anelyse.
Ela encarou as costas dele sentindo um nó na garganta
pelo modo frio que a chamou.
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